quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

In-Soneto


In-Soneto

Tento, retento e tretento escrever,
Mas o soneto, em sua forma nobre,
Sofre e se cobre de minhas rimas pobres,
E cai em dúvida sobre o que ser.

E vira um errante poema talvez,
Linhas irregulares, que em sua vez,
Faltam ou sobram em certa fluidez,
E viram uma massa disforme.

Um dia, compreenderemos, quem sabe,
Versos e aquele que os ousa reunir,
Nós, em nossas humildes metades,

Não precisaremos mais fugir,
E seremos completos mesmo que algo, por ventura, falte-nos.

Braulio A. Freire

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Reflexão

Reflexão

Você, que sempre me olhou nos olhos,
E riu, e chorou comigo,
Diga-me.
Aponte, acene com a cabeça.
Sorria-me uma vez mais o horizonte.
Sempre o fez.
Encontro-me em desencontro.
Não tema dizer-me a verdade,
Pois entre nós há um pacto.
Sabe que os conselhos e palavras de consolo que arrisco são, em primeiro lugar, para você.
Fala.
Mesmo que sua voz saia muda, fala.
Se hesito agora, é porque você nada diz.
Mas, não procuro culpados.
Busco espasmos, caretas, qualquer contorção em sua face que me diga que não é indiferente.
Mesmo vendo-nos tão pouco, sei todos seus gestos,
E sei quando você não sabe.
E você não sabe.
Como poderia?

Levantemo-nos, então, e andemos.
Dê-me sua mão e, juntos, descobriremos, um dia, tenho certeza.
Até lá, continuamos os dois errando pela Estrada.


Braulio A. Freire

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Efêmera

Efêmera

Abrimos os olhos, mais uma vez
Na esperança de termos um dia melhor.
Uns mais positivos, outros mais negativos; todos continuamos nossas lutas.
E, queiramos, ou não, aprendemos.
Uma boa lição, uma lição necessária, uma lição para a vida.
E vida vai embora...
Segue seu rumo, na verdade. Quem vai embora somos nós.
A Vida é muito mais do que eu, você, seu bonsai, ou sua tartaruga.
A Vida é o mundo, o universo.
Tentamos cegamente perseguir a Vida, correr atrás dela,
Com medo de deixar para trás, de não terminar, de não se completar.
Qual ninfa efemérida, apressamo-nos, embolamo-nos, atropelamo-nos
Para deixar nossa marca ou qualquer prova de nossa existência.
Quando achamos que em nada mais podemos evoluir,
Estamos com o peso do Descanso nas costas. E tristes, muitas vezes.
E falha-nos a compreensão do Plano:
Não é o Tempo. Ou melhor, não é o seu tempo. É o seu caminho.
Por onde andou? Com quem se encontrou? Com quem foi, ou quem trouxe?
Ainda, o que levou? Não para a terra. Para a Vida.
Não interessa se o mundo acaba hoje, se falaram que ia, se esperam que aconteça.
Viva. Todos os dias. Sem medo de existir.
Pois efêmera é a nossa passagem.
Mas a nossa existência...

Braulio A. Freire